domingo, 22 de janeiro de 2012

Porque?

Por que se apaixonou por ela? Perguntava-se sempre. Bem, ela era bonita. Não! Mais que isso. Era linda! E tinha o sorriso mais claro que um dia já tinha visto. Poderia ter sido pela beleza aberta, displicente e leve que ela tinha, ou pelo riso fácil, ou pelo jeito gostoso de menina que corre pro mar e se encharca de sonhos, gargalha por nada, e faz do nada o seu tudo, se lambuza do mundo! É... poderia ter sido por todas essas coisas, e talvez tenha mesmo! Mas, havia ainda aquele olhar... E o jeito como ela olhou naquele primeiro instante... Ela a trouxe inteira pra dentro daquele olhar... Olhar doce de mistério e magia. De um desejo confesso. Sem disfarces! Não nega, se entrega! Mas, não era só isso, havia algo mais... Um misto de pecado e ternura, mansidão e loucura. E não foi, pelo modo como ela a puxou pela cintura, a trouxe para o seu cheiro e sussurrou ao seu ouvido palavras úmidas. Jura também, que não foi pelos corpos colados, e as mãos dela deslizando pela fendas da sua alma e vestido, e o calor da pele-poro-pêlo-arrepio. Ou porque se apagaram todos os medos e estrelas se incendiaram num céu aberto de possibilidades (infindáveis e todas). Ou pelas borboletas no estômago,  sinos tocando no momento do beijo, o frio na barriga, o coração disparado, as mãos suadas e as pernas bambas,  todos esses clichês e tantos outros que não me ocorrem agora...,  todas essas obviedades próprias de um instante como esse, em que a gente fecha os olhos bem forte e pede baixinho pra que não acabe nunca mais. Mas, ainda assim, talvez não tenha sido por tudo isso (não só...).  Não só pela noite maravilhosa e por todas as outras que se seguiram (puro poema). Mas, pela manhã seguinte em que ela a envolveu nos seus braços, e o mundo coube todo ali dentro da  ternura daquele abraço. Por isso, por tudo e por mais! Por todas as manhãs em que ela sorrindo lhe traz o sol de presente e a olha demorado e fundo, como “naquele primeiro segundo daquele primeiro instante”, e ela ainda se vê lá, no fundo daquele olhar...

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